
Malunga
Rede global contra o racismo anti-negro
Como resultado de um projeto de pesquisa-ação sobre o racismo anti-negro global, a Rede Malunga nasce após três anos de pensamento coletivo, sonhos esperançosos e planejamento participativo, para trabalhar pela justiça global e contra o racismo anti-negro, com uma agenda sólida pela justiça racial, étnica, social, de gênero, sexual e ecológica.
Em um contexto de profunda indignação e reflexão global frente à violência sistêmica que as pessoas negras enfrentam em diferentes partes do mundo, a origem da rede remonta a uma pesquisa impulsionada pela Fundação Ford em 2021, que explorou as manifestações globais do racismo contra pessoas de ascendência africana. Tanto os fatos recentes quanto as feridas históricas evidenciaram a urgência de construir redes transnacionais capazes de articular memórias, experiências e estratégias frente à anti-negritude.
Neste cenário, o relatório “Um mundo anti-negro: impactos globais da anti-negritude”, resultado do projeto de pesquisa codirigido por Aurora Vergara Figueroa e Awino Okech, aprofunda-se nesta realidade ao concluir que existem padrões similares de anti-negritude em diferentes partes do mundo. A evidência apresentada neste relatório sublinha a necessidade de ampliar as pesquisas em diversos contextos, tanto quantitativas quanto qualitativas, para compreender melhor as múltiplas manifestações da anti-negritude.
Este processo de pesquisa e reflexão marca o ponto de partida a partir do qual nossa rede é tecida, uma iniciativa que busca conectar experiências e estratégias para enfrentar coletivamente a anti-negritude em todas as suas dimensões.
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Manifestações globais do racismo antinegro contemporâneas:
Manifestações recorrentes de antinegritude a nível mundial, como o encarceramento em massa, os desaparecimentos, a invisibilização estatística, os linchamentos e assassinatos seletivos, a apatridia, o despojo de terras e o apartheid urbano, não são incidentes isolados. São sintomas de sistemas de opressão profundamente enraizados no colonialismo, na escravização e na exploração capitalista.
Esta recente visão histórica reúne algumas das manifestações globais do racismo antinegro, cuja exploração aprofundada deu origem à Malunga como uma rede transnacional pela justiça global e contra o racismo antinegro.

Padrões de violência sistêmica e marginalização

O massacre de Bojayá (2002, Chocó, Colômbia)
2002
O massacre de Bojayá, no qual morreram mais de 80 pessoas, foi um evento significativo que sublinha a intersecção entre raça, posse de terra e violência contra comunidades afrodescendentes na América Latina. Esta tragédia alimentou pesquisas sobre migração forçada, desenraizamento e os padrões globais de violência anti-negra.

A pandemia de COVID-19 e o espaço para reflexão
2020
Os confinamentos por COVID-19 constituíram-se em um espaço para que pessoas e famílias consolidassem evidências e refletissem sobre histórias pessoais e coletivas de violência anti-negra, como o desaparecimento forçado de familiares. Este período também permitiu que acadêmicos e ativistas conectassem experiências locais com estruturas globais de anti-negritude, reforçando a urgência de uma ação coordenada.

Movimentos sociais globais contra a negritude
Após os acontecimentos nos EUA, surgiram protestos e movimentos no Brasil, Colômbia, México, Reino Unido, Quênia, África do Sul, Sudão, Zimbábue, Namíbia, Austrália, Nova Zelândia, França, Índia e China. Estas ações coordenadas demonstraram o alcance transnacional da anti-negritude e a necessidade de solidariedade e estratégias globais.

Os assassinatos de Breonna Taylor e George Floyd (Estados Unidos)
2020
Os assassinatos de Breonna Taylor e George Floyd em 2020 desencadearam levantes generalizados contra o racismo sistêmico e a brutalidade policial nos Estados Unidos. Estes eventos reavivaram conversas globais sobre a violência dirigida contra pessoas negras e catalisaram movimentos sociais em mais de quarenta países, evidenciando o persistente desprezo pelas vidas negras em todo o mundo.
Presente
Nossos princípios orientadores
FCom uma perspectiva interseccional e transnacional, a Rede Malunga atua em:
Incidência global
Promovemos políticas públicas e marcos normativos que reconheçam e reparem os impactos do racismo anti-negro a nível local, regional e global.
Pesquisa-ação
Geramos conhecimento coletivo sobre as múltiplas expressões do racismo estrutural, partindo das experiências de comunidades negras em diferentes partes do mundo.
Educação e memória
Valorizamos as histórias, espiritualidades, saberes e estéticas afrodescendentes, e promovemos narrativas que dignificam a vida negra.
Articulação de movimentos
Nos conectamos com redes e lutas na África, América Latina, Caribe, Europa e outros territórios para fortalecer uma agenda comum antirracista.
Celebração da vida negra
Defendemos e visibilizamos a beleza, criatividade e resiliência dos povos negros frente às violências históricas e atuais.
A Malunga ÑAO responde a interesses governamentais, corporativos ou partidários. É uma rede participativa, democrática e ampla, comprometida com a justiça racial, étnica, social, de gênero, sexual e ecológica.
Bússola Malunga
Respostas para quem se soma à viagem coletiva da Malunga
De acordo com o Manual de Funcionamento, a associação à Rede será composta por “indivíduos / organizações / outras redes” que poderão ter dois tipos de ação:
● Membro da rede
● Participante do conselho diretor
Quanto ao processo de vinculação, indivíduos / organizações / outras redes poderão se vincular após a revisão das solicitações pelo Conselho Diretor. As solicitações poderão chegar por meio de convite ou solicitação direta.
A participação ou vinculação à Rede pode ocorrer na qualidade de: indivíduos, organizações e/ou outras redes que assumam os compromissos, princípios e objetivos estratégicos da Malunga, contribuam com suas capacidades para as diferentes estratégias e ações propostas e possam ou estejam em condições de apoiar com assessoria, recursos financeiros, recursos técnicos, entre outros, bem como fornecer respaldo às ações da rede quando necessário.
Em relação ao processo de vinculação, qualquer pessoa, organização ou rede interessada em se integrar à Malunga deve apresentar uma solicitação de vinculação, que incluirá:
● Carta de intenção: explicação do motivo pelo qual deseja fazer parte.
● Descrição da pessoa, organização ou rede: história, objetivos e principais áreas de trabalho.
● Contribuições para a Malunga: de que maneira pode contribuir para a Rede.
● Benefícios esperados da Malunga: de que maneira a Rede pode contribuir para seu desenvolvimento e fortalecimento.
● Adesão à Declaração de Princípios: compromisso expresso com os valores e linhas de ação da Rede.
Pode-se comunicar com a Direção da rede a cargo de Agustín Laó-Montes coordinacion@malunga.org e/ou com a Coordenação Acadêmica a cargo de Alpha Orozco-Herrera academia@malunga.org

Publicações
Crônicas, reflexões e vozes afrodescendentes que documentam nossa luta e celebram nossa resistência.